sábado, agosto 25, 2007

a prova dos nove

"If you sing when you're high and you're dry as a bone
Then you must realise that you're never alone
And you'll sing with the dead instead..."

terça-feira, agosto 21, 2007

under a blanket of blue

Recife está tão boazinha com suas chuvas, seu sucos de sabores exóticos, seus eventos fraternos, seus brigadeiros de ervas finas, seus cigarros, cafés e leituras noturnas, seus artigos e suas discussões foucaultianas ao telefone, suas madrugadas escrevendo, escrevendo, seu pó de guaraná e suas promessas, que eu até não me incomodo tanto com as outras coisas suspensas, esperando pra ver se vão acontecer... Que eu até penso que posso brincar de recém-chegado, achando que descobri como se inventa o cotidiano com as coisas que temos à mão...

terça-feira, agosto 14, 2007

a incitação aos discursos

“Desde o séc. XVIII o sexo não cessou de provocar uma espécie de erotismo discursivo generalizado. E tais discursos sobre o sexo não se multiplicaram fora do poder ou contra ele, porém lá onde ele se exercia e como meio para seu exercício; criaram-se em todo canto incitações a falar; em toda parte, dispositivos para ouvir e registrar, procedimentos para observar, interrogar e formular. Desenfurnam-no e obrigam-no a uma existência discursiva. Do singular imperativo, que impõe a cada um fazer de sua sexualidade um discurso permanente, aos múltiplos mecanismos que, na ordem da economia, da pedagogia, da medicina e da justiça incitam, extraem, organizam e institucionalizam o discurso do sexo, foi imensa a prolixidade que nossa civilização exigiu e organizou. Talvez nenhum outro tipo de sociedade jamais tenha acumulado, e num período histórico relativamente tão curto, uma tal quantidade de discurso sobre o sexo. Pode ser, muito bem, que falemos mais dele do que de qualquer outra coisa: obstinamo-nos nessa tarefa; convencemo-nos por um estranho escrúpulo de que dele não falamos nunca o suficiente, de que somos demasiado tímidos e medrosos, que escondemos a deslumbrante evidência, por inércia e submissão, de que o essencial sempre nos escapa e ainda é preciso partir à sua procura. No que diz respeito ao sexo, a mais inexaurível e impaciente das sociedades talvez seja a nossa”.

Trecho de A história da sexualidade I: A vontade de saber, de Michel Foucault

quinta-feira, agosto 09, 2007

a rave do crioulo doido

Eu quero que minha vida seja um mp3 player onde toque indiscriminadamente samba, electro, pop e também, claro, um pouco de wilson & soraya - pra relaxar, entende?

sexta-feira, agosto 03, 2007

a promessa

Todo mundo, sem que se possa identificar exatamente em que circunstâncias, no seio de que idéias, recebe da sociedade uma promessa. A imagem feliz e delirante de um momento, de uma fase ou uma vida – curta – na qual se brilha radiante com o descompromisso, com a fugaz libertação. The time of your life! If you get the chance

Os “quinze minutos de fama”, o “instante único”, as “pequenas epifanias”: não importa como se tenha chamado ao longo dos anos, este é o momento em que Sísifo larga a pedra e sente nos músculos o alívio transcendental de uma trégua possível, entre muitos sacrifícios. Não importa se profundo ou superficial, austero ou fútil, discreto ou chamativo, todo mundo já sonhou com um desprendimento assim, esse “não levar-se a sério”, esse “se jogar”, e lamentou o não-cumprimento da promessa, perguntando-se o que deveria ser feito; que despojamentos seriam necessários; que ingenuidades, esquecimentos ou desconhecimentos seriam exigidos para o indivíduo que aspira à leveza, a ser raso e imediato como são os prazeres mais passageiros. (Quanta coisa que se exige não saber ou esquecer para alcançar a leveza fútil!).

De longe, calado, o indivíduo convive com a imagem terrível desta promessa não-cumprida, escravizado que se torna por um modelo impossível, ferido pelo estereótipo que é inalcançável, porque é sempre apenas uma parte da verdade – a mais fácil, a mais visível.