terça-feira, agosto 17, 2004

O Casa Amarela (Nova Torre) quando passa (se é que passa, sempre) naquele seu peculiar horário entre as 13h20 e as 14h, causa comoção pública. Esteja você sentado - ou não - comodamente, ou melhor, resignadamente, naqueles assentos meio enferrujados, isolados nos lados e atrás por propaganda de produto de cabelo, não se preocupe: nem precisa observar quando ele está vindo. Isso porque, apontou um ônibus amarelo, azul e branco no alto da ponte, já começa o alarido... Senhoras suspendendo as sacolas do carrefour tristemente depositadas na calçada para dar descanso aos braços cansados de esperar, outras pessoas mal disfarçando sua ânsia, a ponto de ir para o meio da rua e pular em frente à condução, dizendo “pare, pelamordedeus!”, aqueles outros tentando adivinhar o local exato onde o veículo irá parar para serem os primeiros da imensa fila... Depois, o que vem é ainda mais típico: um ou outro furando fila, os mais apressados empurrando, os últimos tendo que praticamente compactar-se, sendo cuspidos para dentro (ou para fora) pelas portas que se fecham sem ao menos esperar os retardatários chegarem ao segundo – e mais seguro – degrau...
Nesses tempos de chuva, somam-se a essa bagunça outros elementos: todo mundo se espremendo embaixo do pequeno abrigo, se esquivando das goteiras existentes no mesmo ou perigando furar os olhos alheios com guarda-chuvas inquietos, sem que se possa esquecer também, claro, do constante perigo proporcionado pelo enorme buraco no asfalto, acumulando lama que se espatifa pra todo lado, tão logo um carro sem modos passa suas rodas, com pressa, pelo trecho da rua tantas vezes remendado.
Há ainda outros acontecimentos bastante usuais: cartões passe-fácil que nunca funcionam apropriadamente; maquineta para a leitura dos cartões que pede para você retira-lo, quando você sabe que precisa deixa-lo mais um pouquinho para que acenda a luz verde; aquele papelotezinho onde o cobrador cola os vale-transportes que recebe aos montes...
Tudo isto, somado aos eventuais pregadores religiosos, cantadores, pedintes, esnobes, estudantes, etc, forma um quadro dos mais típicos. Estamos em uma metrópole, afinal, e o silêncio é privilégio de poucos.

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